Mensagem Póstuma

(sr. Shigueo)

”Felizes os mortos que morrem no Senhor de agora em diante”.
Diz o Espírito: “Sim, eles descansarão das suas fadigas, pois as suas obras os seguirão”.
Apoc. 14: 13

No dia 28 de abril de 2008, às 17,55 horas Cem Anos depois da partida do Navio Kasato Maru para o Brasil, todos os navios que estavam ancorados no porto de Kōbe-Japão, fizeram soar os seus apitos, simultaneamente. Enquanto isso, um navio deixava o porto transportando para o Brasil a Tocha da Amizade, acendida na laje da antiga Hospedaria dos Imigrantes de Kōbe. Passados cem anos desde aquela viagem do Kasato-Maru, cogita-se içar do fundo do mar de Okhotsk as âncoras do Kasato-maru, devendo ser elas preservadas conjuntamente por Kōbe e pelo Brasil.

Ora, se um Navio também deve ser homenageado, muito mais um irmão nosso de entre os imigrantes japoneses.
Daí a lavra deste teste autorizado pelos filhos de Shigueo Kayumi. A imigração japonesa para o Brasil começou oficialmente no início do século XX – (20).

Atualmente, o Brasil abriga a maior população de origem japonesa fora do Japão, com cerca de 1,5 milhão de nikkeis (日系?) – termo usado para denominar os japoneses e seus descendentes. Um nipo-brasileiro – em japonês 日系ブラジル人, nikkei burajiru-jin – é um cidadão brasileiro com ascendentes japoneses. Também são consideradas nipo-brasileiras as pessoas nascidas no Japão radicadas no Brasil,” como é o caso do nosso querido e saudoso irmão Shigueo Kayumi.

“A imigração japonesa no Brasil tem como marco inicial a chegada do navio Kasato Maru ao Porto de Santos em 18 de junho de 1908. Partindo do Porto de Kobe em 28 de abril, após uma viagem de 52 dias, o vapor trouxe a bordo 781 imigrantes japoneses.”

A família Kayumi imigrou para o Brasil devido a boas notícias que recebia dos patrícios seus que já estavam aqui. Com certeza os desgastes do Japão nas guerras com a Rússia e a 1ª Guerra Mundial, ambas no início do século 20, colaboraram para o início da imigração japonesa da qual fez parte a família Kayumi, trazendo o pequeno Shigueo de apenas dois aninhos. A família deixou seu país enfeitado pelas sakuras, floração mais famosa do país, que têm a companhia de ameixeiras, glicínias e nemophilas, que enchem de cores o arquipélago. A floração das cerejeiras no Japão é mundialmente famosa pela beleza com que colorem os parques do arquipélago-país. Desse país florido os Kayumi vieram para o Brasil indo trabalhar no cultivo do algodão.

A família fixou-se inicialmente no Noroeste do Estado de SP. Além do irmão mais velho de Shigueo nascido no Japão, aqui nasceram outros irmãos, 2 homens e 2 mulheres sendo que apenas a mais jovem -Kyoe – ainda é viva. Shigueo Kayumi em Yamaguchi, Japão. A Prefeitura de Yamaguchi (山口県 Yamaguchi é uma prefeitura do Japão na região Chūgoku, na principal ilha do arquipélago japonês. A capital é a cidade de Yamaguchi, no centro da província. Entretanto, a maior cidade é Shimonoseki. Shigueo Kayumi veio então como imigrante com seus pais aos 2 anos de idade e já tinha um irmão mais velho.

Em 1945 casou-se com Altair Gonçalves, que passa a ser uma Kayumi. Altair era professora leiga da Escola da Colônia Japonesa e Shigueo se apaixonou-se por ela quem sabe, sonhando com as flores da sua terra natal. Foi um acontecimento traumático para a família dele e também para o jovem casal, pois o casamento deles quebrava duas tradições: casou se antes do irmão mais velho e casou-se com uma brasileirinha! Era o fim da segunda guerra mundial com um clima de desavença na família Kayumi que expulsou Shigueo do seu convívio.

O novel casal teve um início de vida muito difícil pois foi ele, rejeitado pela comunidade japonesa, sofreu por isso, mas ancorou-se no amor por Altair. A família dela o acolheu. Shigueo aprendeu uma nova profissão porque saíra do sítio do pai onde plantavam algodão e foi para a cidade. Aprendeu a fazer rodas para carroças. Nesse ano, 1945, época do fim da Guerra Mundial, Deus lhes deu a filhota Iara. Época difícil de racionamento de alimentos.

Três anos depois já iniciada sua vida profissional como mecânico, morando em Araçatuba, nasceu o segundo filho, Joaquim Salvador Kayumi. De Araçatuba Shigueo e família mudaram-se para Novo Horizonte e ainda como mecânico construiu, nessa cidade, uma vida profissional respeitável com cursos de aperfeiçoamento que também foram feitos na fábrica da Ford, na Capital Paulista.

Converteu se ao Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo em 1955 sendo batizado em no Culto do Natal na Igreja Presbiteriana. Nela exerceu várias funções: atuou como professor na Escola Dominical; Superintendente da E.Dominical. Foi designado pelo Conselho, Tesoureiro da Igreja. Eleito Diácono e posteriormente Presbítero.

Em 1966, transferiu se para a Capital, fixando-se na Vila Gustavo passando a frequentar uma pequena Congregação Presbiteriana que se reunia numa garagem e era uma iniciativa da Igreja Presbiteriana Ebenézer, de Santana. Foi um dos membros fundadores da Igreja Presbiteriana da Vila Gustavo onde sempre foi membro atuante exercendo diferentes funções, sendo inclusive Conselheiro da Mocidade.

Shigueo e Altair tiveram 2 filhos 8 netos e 4 bisnetos. Foi uma linda história de amor que durou além das Bodas de Diamante. Foram 76 anos de Matrimônio Feliz, abençoado e abençoador para os filhos e para todos que puderam privar da sua amizade. Shigueo e Altair sempre foram exemplo de disciplina na leitura diária da Palavra, perseverança em oração, fidelidade na contribuição (ensinou os filhos a ser dizimistas, com seu exemplo), homem de fé inabalável! Frequentador assíduo de todos os Cultos semanais no Templo. De fala mansa era paciente para ouvir, sensato e bíblico no aconselhar, coração sempre disposto a perdoar.

Shigeo Kayumi nasceu no dia oito de dezembro de 1925 e foi recolhido aos páramos celestes pela Vontade Soberana do seu Deus e nosso Deus que quis chamá-lo para a Glória dos Seus filhos, no dia vinte e quatro de julho deste ano, aos 96 Anos na Cidade de Atibaia, onde estava enfermo, sob os cuidados da filha Iara. Shigueo deixou saudosa sua esposa querida de todos, a nossa centenária irmã Altair e a todos nós que o admiramos e amamos aguardando o reencontro com todo o Povo de Deus na Aurora Eterna! Até Breve Shigueo!
PAZ…tor🌊Marra


Igreja Presbiteriana Vila Gustavo – São Paulo-SP

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